Saiba como foi o início da vida sacerdotal do Servo de Deus

O pequeno Alderigi sempre recorria à sua madrasta, dona Lavínia, quando fazia suas artes. Mas dona Lavínia também o socorreu no seu desejo para ir para o seminário. Segundo a irmã de Alderigi, Beata Antônia Torriani Amaral (Beata é seu nome, e não um reconhecimento eclesial), certo dia, após apanhar do pai, ele foi conversar com a madrasta e falou do seu desejo de ser padre.

“‘Quero ir para o seminário e por isto o papai me bateu. Mas não tem importância. Eu vou vencer, porque eu quero ser de Nosso Senhor’. A Lavínia o consolou, mas o menino saiu com esta: ‘mamãe’ - ele chamava a madrasta de mamãe – ‘arranja minha roupa, vou fugir’. Ela respondeu: ‘Não precisa fugir. Eu vou falar com seu pai’. Depois que Lavínia falou com o pai, ele veio e perguntou: ‘você quer mesmo ir para o seminário?’ O menino respondeu: ‘Quero. Quero ser de Nosso Senhor’. Logo a seguir o pai o levou para Pouso Alegre, internando-o no seminário. Era 1908”, lembra dona Beata.

Iniciam-se seus primeiros estudos de seminarista. Sempre vivo, o garoto Alderigi continuava levado. Nem mesmo os padres mais experientes acreditavam na vocação do jovem. Padre Rigotti, por exemplo, dizia: "Alderigi padre?! Só se a rã criar pelo".

Após os estudos normais no seminário, Alderigi é ordenado padre no dia 18 de setembro de 1920 em Pouso Alegre. Já na celebração de ordenação pronunciava-se a santidade de Alderigi, que jurava obediência ao senhor bispo. Celebrou a primeira missa em Jacutinga, um dia depois. Dona Marina Caridade Oliveira participou da primeira missa do padre Alderigi e também conviveu com ele em Brazópolis, quando lá esteve substituindo o padre Herculano. Assim relata , em 1998

“Como ele era santo, como ele gostava de cantar e era totalmente cativante! Quando falava, ele demonstrava uma vontade enorme de querer salvar todo mundo, se comportando mais do que um padre, vivendo mais do que um missionário, andando por todas as bibocas de sua quase paróquia, atrás de ovelha tresmalhada”.

Depois da ordenação permaneceu algum tempo em Pouso Alegre, onde foi professor de matemática e diretor do Ginásio Diocesano São José. Sabe-se, hoje, que muitos escritores e políticos foram alunos do padre Alderigi. Tempos depois teria de ir para uma paróquia.

Em 1926, padre Alderigi adoece gravemente, possivelmente tuberculose. O bispo na época, dom Octávio Chagas de Miranda, o transfere para Santa Rita de Caldas. Lá ele chega em 27 de março de 1927, aos 32 anos de idade.

“Padre Alderigi estava tão doente, que o senhor bispo assim disse: ‘dou uma paróquia para o padre Alderigi, para ele ali morrer’. Aqui chegou padre Alderigi magro e fraco, praticamente condenado à morte, uma vez que não havia naquela época, qualquer remédio para o seu mal”, relatou sua amiga Edmea Maia.

Mas não era esse o fim que Deus queria para o jovem padre. A nova terra lhe trouxe vida e saúde.

“O médico havia lhe receitado muito repouso, vida calma e tranquila. Sim, senhor. O jovem sacerdote fez muito repouso sim. Mas o fez no lombo do cavalo, de burros, atendendo a tudo e a todos, com a maior solicitude e humildade. Às vezes, na sua ida em atendimento aos paroquianos, era gozado ver o padre em animais fogosos ou, às vezes, em animais que ele quase tocava os pés no chão, devido à sua estatura”, lembra Edmea.

Datas importantes da vida eclesial do padre Alderigi

18/09/1920: ordenação sacerdotal

20/09/1920: prefeito geral do Ginásio Diocesano São José

1922: vice-reitor do seminário

23/01/1923: vigário geral da Catedral

21/11/1924: diretor do Ginásio Diocesano São José

dezembro de 1926: deixa o Ginásio Diocesano por causa de sua enfermidade

02/03/1927: pároco de Santa Rita de Caldas

03/01/1932: encarregado da paróquia de Camanducaia

12/08/1933: pároco de Santa Rita de Caldas

31/05/1945: cônego honorário

18/09/1958: camareiro secreto de Pio XII

20/01/1959: prelado doméstico


Mulher se cura de doença nos olhos por intercessão do padre Alderigi

Era o ano de 1983 quando a senhora Izair Faustina de Freitas começou a sentir uma febre muito alta. Começou com um tratamento de gripe, mas nada se resolveu.

"Dali a uns dias me apareceu uma coceira tão grande no olho esquerdo e dele escorrendo um líquido muito quente. Pensando tratar-se de 'ar no olho', não procurei logo o médico. Passados outros dias, como o caso piorasse mais e mais, fui à Poços de Caldas a fim de me encontrar com dos melhores oftalmologistas da região, Dr. Gerson. Assim que me examinou me disse que eu tinha demorado muito para procurá-lo. Depois de me receitar uma grande lista de medicamentos (comprimidos, colírios, injeções e outras coisas), marcou para que eu voltasse outro dia".

O tempo foi passando e a doença no olho só piorava. Em um dos seus outros retornos ao oftalmologista, o diagnóstico final.

"Até que um dia fui franca com o médico e falei de toda minha preocupação. Foi, então, que ele declarou já ter feito tudo o que era possível e que eu deveria me internar na Santa Casa. Afirmou, também, tratar-se de 'Seratite Epática' e que a doença estava se agravando cada vez mais. Fiquei muito triste pois eu não tinha recursos do INPS nem condições financeiras para sustentar o tratamento. Realmente, eu estaca com muito medo, tanto por causa da dor intensa, como por causa do filho ainda nenê. Nem eu nem meu marido, José Lemes de Freitas, sabíamos o que fazer. Foi, então, que entregamos tudo na mão de Deus".

E a memória do querido padre Alderigi, já falecido nessa época, não demorou para aparecer na memória e no coração da dona Izair.

"De volta para a casa, enquanto o ônibus subia e descia nossas montanhas, eu, com o olho tampado, chorava e fazia mil pensamentos. Lembrei-me da alma do padre Alderigi, com tanto fé, que rezei-lhe uma Ave Maria e um Pai Nosso, pedindo que tivesse piedade de mim. Prometi entrar no cemitério, de joelhos, rezando um terço".

E padre Alderigi não demorou para interceder.

"Dali cinco dias voltei ao médico. Ao me examinar, ele levou um susto enorme, pois havia desaparecido de tudo a doença do meu olho. Como ainda não conseguia suportar a claridade, permaneci alguns dias de repouso, mas fui cumprir minha promessa. Com o olho ainda tampado por causa do colírio, ajoelhei-me no chão duro e segui minha caminhada, rezando o meu terço cemitério a fora. Naquele cimento grosso, cheio de pedrinhas machucando meus joelhos, mesmo muito fraca, consegui com grande esforço chegar ao túmulo do santo e bondoso padre Alderigi".

Esse documento foi entregue por dona Izair Faustina de Freitas aos responsáveis por organizar a causa de beatificação do padre Alderigi no dia 5 de maio de 1987.

 

Texto presente no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 4, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.


Padre Alderigi impõe as mãos e uma senhora deixa a cadeira de rodas

Era março de 1962. O senhor Olímpio Augusto de Carvalho havia chegado de Caldas e entrou na igreja matriz de Santa Rita de Caldas. No altar estava padre Alderigi e algumas pessoas rezando o terço. O senhor Olímpio aproximou-se para rezar também.

Terminada a recitação do Terço, padre Alderigi aproximou-se de uma senhora que estava sentada em uma cadeira de rodas. Impôs as mãos sobre a cabeça dela e começou a orar em silêncio. Esteve assim por algum tempo e, depois, disse à mulher que se levantasse. Ela lhe respondeu que não poderia, porque havia muitos anos que não podia andar. Então, o padre disse:

- "Você pode sim. Levanta-se em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, na intercessão de Santa Rita!"

Nesse momento, a mulher levantou-se e caminhou para ele, chorando de alegria. Toda a família chorava, emocionada com tamanha surpresa. Ao agradecerem esse homem de fé, ele lhes disse:

- "Agradeçam a Deus, porque foi Ele quem fez tudo isso".

Em seguida, o bom e humilde sacerdote chamou o senhor Olímpio e lhe disse: "Meu filho, você não comente nada com ninguém do que você viu aqui, tá? É segredo". 

 

* O relato desse milagre foi contado pelo senhor Olímpio Augusto de Carvalho apenas após a morte do padre Alderigi. 

 

Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 4, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.


"A religião nossa é uma coisa séria", escreve padre Alderigi durante viagem à Roma

Em maio de 1971, Padre Alderigi Torriani teve a oportunidade de viajar até Roma, seu grande sonho. Durante a viagem, padre Alderigi escreveu sobre sua experiência e seus sentimentos ao visitar a cidade eterna. O texto demonstra a sensibilidade, a gratidão, a caridade, a humildade, o reconhecimento de sua religião como uma religião de heróis. O próprio Servo de Deus vai dizer de sua emoção ao se deparar com a urna de Santa Rita de Cássia e com o túmulo de S. Pio X.

"Roma, 6 de maio de 1971

Antes de tudo quero prestar o meu agradecimento a Nosso Senhor que continua a confiar o que eu disse muitas vezes: “Eu sou o Padre que Jesus quer mais bem!” Sim, porque pelo pouco que faço, Nosso Senhor me recompensa tanto! Exemplo: Esta viagem à Itália. Eu nunca teria coragem de gastar dinheiro em viagens, porque achava que o dinheiro que se gasta em viagens, poderia ser aproveitado em benefício dos outros e não só em proveito da gente. Mas Nosso Senhor me arranjou esta viagem!

Viagem muito boa, bonita, passei bem é certo, mas como me propus antes de começar, que a viagem haveria de dar algum proveito espiritual, e deu mesmo!!!... Agora mudei de pensar: É um dinheiro bem gasto em uma viagem em que se pensa realmente a sério.
A memória da gente facilmente esquece tudo, por isso resolvi escrever para ler, relembrar o que pensei nesta viagem.

Como somos felizes de pertencermos à nossa Santa Religião, porque, a nossa religião é uma coisa séria, nossa religião é de heróis, nossa religião é dirigida pelo Espirito Santo, por isso, enche o coração da gente, comove, dá vontade de ser bom.

A religião nossa é uma coisa séria! Eu vim do Brasil e fui direto para Palermo. Por uma carta que recebi o Pe. Provincial dos Franciscanos da Cicília, pensava que era só apresentar a carta do Sr. Arcebispo e providenciar o embarque. Como dão valor às relíquias! Precisaria um processo da Santa Sé – virem 3 médicos de Roma, abrir a urna na presença do Sr. Arcebispo, quinze dias depois os médicos deveriam voltar para verem o efeito das injeções que teriam feito, para assim saber se o corpo poderá ser transportado, mais reconhecimento para transferir para uma urna menor etc., de modo que isto levaria um ano, mais ou menos. Os Padres que são muito bons, para não voltarmos sem nada, nos deram uma relíquia preciosa: O hábito que S. Benedito foi enterrado. Está numa caixa. Licença para cá, licença para lá, uma outra caixa. Este movimento começou sexta e só 2.ª às 2 horas que ficou pronta!

Como tomam a sério, as coisas da religião! Religião de heróis! Visitei diversas Igrejas. Num país pobre como a Itália, num tempo em que tudo era difícil, agora tempo do cimento, da eletricidade, muitos e muitos aparelhos, fazer uma igreja como a Basílica de S. Pedro e muitas outras, eu conclui, que o povo imbuído da nossa religião, fez o que fez – só mesmo heróis de muita fé, para prestar a Deus uma homenagem elevada acima do possível.

Quantas obras majestosas, de arte, bonitas que olhando elevam a alma da gente à Deus. Visitei as catacumbas. Meu Deus! Hoje que temos tão bonitas igrejas, cômodas, algumas até com bancos estofados, ainda há quem tenha dificuldade em cumprir a religião! Como eram heróis, os cristãos no tempo das perseguições. E como conta a historia, ficaram às vezes, a noite inteira em oração. Será que a gente ainda irá achar que trabalha muito e não ficará vermelho de vergonha, lembrando dos padres das catacumbas.

Audiência do S. Padre. Que majestade, unida a uma simplicidade humilde e um zelo apostólico. Éramos 12.000 na Basílica de S. Pedro – a Basílica – esta multidão – o S. Padre aparece na sedia gestatória – Delírio! ... O S. Padre dirige-se a diversos grupos – casais novos – crianças que fizeram a 1.ª comunhão – grupos daqui – dali, a cada grupo dizia umas palavras abençoava. Quando dizia o nome do grupo, estrugiam palmas e o S. Padre se dirigia naquela direção. E depois: “É necessário aproveitar esta ocasião para alguma consideração espiritual e falou sobre a liberdade do cristão, dizendo que o obstáculo à liberdade é o pecado!” Tinha gente de toda a parte do mundo. Por mais insensível, tem o entusiasmo contagiante.

Fui visitar a Basílica Santuário de S. Rita em Cássia! Entrei e chorei em voz alta! Chorei mesmo, o porque não sei. Entrar na Igreja de S. Rita, não sei explicar naturalmente. É a graça de Deus, que entra no coração da gente e comove. Estive em frente à urna de S. Rita – tive que esperar uma Missa de 1.ª comunhão e depois a minha e o resto digo o Pe. Superior me avisou para ir depressa ao Mosteiro, onde um Pe. explicava a vida de S. Rita. A videira – as abelhas – o crucifixo do espinho, o quarto de S. Rita e o resto do tempo passei sentado em frente a urna de S. Rita, onde rezei para todos.

Missa no Altar de S. Pio X. Grande graça poder celebrar a S. Missa, sob o corpo de S. Pio X – Embaixo do Altar, o corpo de S. Pio X, visível, bonito. O papa da Eucaristia – o Papa que eu entrei no seminário! Como é poderosa a virtude. Só a virtude da humildade elevou S. Pio X ao altar!

Agora estamos voltando para o Brasil – estamos voando e hei de voar o resto da vida para refazer o atraso, pois, se eu achei que é de gente séria eu preciso tomar a sério, a minha vocação e não só tomar a sério, mas até o heroísmo e isto não será difícil se eu, não confiar em mim, mas no Divino Espírito Santo que rege e governa a Santa Igreja. Maria Santíssima, nossa Mãe, pedi a Jesus vosso Filho e Nosso Irmão para me ajudar e fortalecer nesta resolução.

Não quero trair a vocação que Deus, teve a misericórdia de me dar. Nossa Mãe, S. Rita, S. José e todos os Santos meus protetores,rogai por mim.

– Estamos voando para chegar ao Rio. Estamos perto. Reli de novo. É preciso retocar."


Faça o download do Boletim Informativo da causa de beatificação do padre Alderigi

No dia em que a Igreja celebra o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a arquidiocese lançou o Boletim Informativo da causa de Beatificação do Servo de Deus Alderigi Torriani. Por causa da pandemia e das restrições em nossas igrejas, optou-se pelo formato apenas digital.

Nesta edição você poderá conferir a história do bebê que se engasgou com um alfinete. Os médicos diziam que apenas uma cirurgia de alto risco poderia salvar o menino. A família confiou na medicina do céu e levou a criança até o padre Alderigi. Após benzer a criança, o bom padre disse que em alguns dias a criança estaria bem, sem necessidade de cirurgia. E tudo aconteceu como ele disse.

Você também poderá conhecer o belo testemunho de humildade de padre Alderigi ao recusar e agradecer a ajuda financeira oferecida pela Prefeitura de Santa Rita de Caldas, quando da sua aposentadoria. O fato demonstrou sua confiança em Deus, que nunca desampara, e seu compromisso com a missão de sacerdote.

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Padre Alderigi: homem do riso e das lágrimas, muito humano

Padre Alderigi, em visita à Cássia (IT)

Padre Alderigi, às vezes, é lembrado pelo seu jeito firme e bravo. Mas há ali também uma pessoa muito feliz e alegre, cheia de sentimentos. O sobrinho do Servo de Deus, dr. José Asdrúbal, tem boas histórias e momentos felizes.

"Como meu tio, aquele que mais amava, Padre Alderigi era alegre e, ao mesmo tempo, totalmente sentimental, a chorar com muita facilidade", lembra.

Em 1971, Padre Alderigi e seu sobrinho foram à Itália, com passagem paga pelos amigos. Ao sentarem-se nas poltronas do avião, o bom ancião riu, dizendo: "Ô moça, o cinto não serve. Não dá para fechá-lo. O padre é muito gordo!". E ria....ria.... Alguém até brincou com ele: "Não tem problemas, o padre é pesado e não vai cair".

Então, ele riu mais ainda até que a aeromoça veio lhe socorrer e disse: "Não se preocupe, a companhia aérea vai emendar dois cintos para o senhor". Tudo amarrado, ele rindo novamente, comentava: "Veja como sou importante! Todos precisam de um cinto. Só eu que preciso de dois". 

Ao chegarem em Roma, desceu do avião e não andava. Só olhava para o céu e dizia: "Zezinho, estamos em Roma! Estamos em Roma! E as lágrimas desciam e molhavam a batina preta. Daí há pouco estava morrendo de rir. Viu três meninos e chamou-os para pedir informação. Mas, sem querer, andou misturando os dois idiomas: "Ragazzi, veni qui! Per favore". E os meninos lhe perguntaram: "Prego, Monsegnore". Mas o "português" saiu sem querer: Onde poderei tomar o avião para Palermo?". Aí ninguém mais o entendeu e padre Alderigi só ria.

Em Palermo, Padre Alderigi queria ver o mar. Seu sobrinho o levou à praia e lá, firmando uma mão na bengala e outra na cintura, dizia: "Veja o poder de Deus! Que beleza! Se eu não fosse padre seria marinheiro". 

Esse amor ao mar nos lembra quando o senhor Vicente Torriani, pai do Padre Alderigi, voltava da Argentina, onde fora encontrar

Padre Alderigi, com seu sorriso maroto.

sua namorada, Argia, que conhecera na Itália, quando era adolescente. Voltaram recém-casados para o Brasil, em navio, viajando em terceira classe. Mas o comandante estranhava que, sempre que todos eram chamados para isso ou para aquilo, os dois não atendiam, permanecendo sonhando juntos e conversando continuamente. O comandante quis saber o porquê e soube que os dois eram realmente "casadinhos" de novo. Imediatamente, os dois receberam camarim nupcial, na primeira classe, para muita alegria de todos.

No entanto, Padre Alderigi chorou mesmo foi em Roma, no Quo Vadis, onde Jesus se encontrou com Pedro. No piso de mármore, cercado com correntes, pode-se ver o sinal de dois pés impressos na pedra que, segundo a tradição, seriam os pés de Jesus. O sobrinho se ajoelhou para beijar as santas pegadas. O tio, porém, com o problema de joelhos, não podia se ajoelhar e pediu-lhe que tocasse a pedra com seu lenço. Chorando, ele beijava o lenço, tocava-o no rosto e apertava-o contra o coração. Como esse homem de Deus, embora tão Santo, era humano, tremendamente equilibrado.

Este homem brincalhão, que não perdeu a inocência infantil, era amante do tio Patinhas. Chegava a telefonar para o sobrinho de Poços de Caldas, dizendo: Estou cansado de estudar Teologia. Não tem ai alguma revista nova?ï. E ao lê-las, ria às gargalhadas e as guardava para mostrar aos sobrinhos.


Padre Alderigi era um homem que fazia muitas penitências

O padre Alderigi Torriani sempre foi reconhecido pela sua piedade, devoção e amor à Jesus Cristo. Não faltam histórias e relatos de suas penitências, principalmente em favor dos pobres e dos pecadores. Uma dessas histórias foi contada pelo senhor João Vicente de Carvalho, em 1987.

Comumente, era o "Zé Borda" quem levava o padre Alderigi nas roças, na falta de um cavalo. Mas, o motorista sempre notava que o bom vigário levava consigo vários jornais. Como sempre ficava encabulado com isso, um dia perguntou:

- "Por que o senhor leva tanto jornal, "ser" padre?"

- "Para eu ler, ora", respondeu

Mas os jornais sempre eram velhos e talvez não servissem para a leitura. Mais tarde, o motorista ficou sabendo que os jornais serviam para forrar o chão para dormir, pois a cama do padre Alderigi sempre amanhecia intacta.

Nosso santo padre fazia muita penitência em favor dos pobres e dos pecadores. O sonho dele era que todos nós nos reuníssemos no Paraíso, finalizou João Vicente.

 

 

 

 

Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 3, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.

 


Padre Alderigi ajuda um pobre a construir sua casa

Em 1961 ou 1962, Niljane Nogueira trabalhava em um banco em Poços de Caldas. A senhora do gerente a convidou para irem até Santa Rita de Caldas. Sua amiga estava levando num envelope a quantia de 30 mil cruzeiros como oferta, uma vez que tinha feito a seguinte promessa: "Se eu conseguir a compra de certa casa, farei o voto de levar boa oferta à minha protetora".

Entraram no Santuário de Santa Rita. Sentiram-se pequenas junto às colunas, lisas e redondas, dentro daquele grande espaço cercado de paredes a ostentar, em grandes molduras, a vida da santa de sua devoção. E lá num canto, como se estivesse esperando, se encontrava o bondoso padre Alderigi.

A amiga, depois de ter rezado diante da urna de Santa Rita, dirigiu-se ao padre, bem na hora em que um senhor, de aparência pobre, se retirava após ter conversado com ele. Entregando ao servo de Deus o envelope fechado, ela lhe disse: "Estou cumprindo um voto. Esse envelope é para o senhor fazer o que quiser".

Imediatamente o padre Alderigi gritou de volta o tal senhor pobre, que já estava próximo à saída do templo: "Aqui está o dinheiro. Dá para colocar o telhado e, quem sabe, dá até para terminar a casa".

A amiga se admirou e, meio desapontada, chegou a dizer para Niljane na volta para Poços de Caldas: "Nossa, não pensei que ele fizesse isso. Ele nem olhou quanto eu tinha posto dentro do envelope".

 

 

 

 

Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 2, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.


Padre Alderigi: homem para quem a posição social não tinha valor

Por volta do ano de 1960, padre Alderigi, que sabia distribuir os trabalhos na hora para quem estivesse perto dele, pediu a uns senhores, e entre eles médicos, que pegassem a vassoura e varressem lá um trecho do Santuário de Santa Rita. Alguém, sabendo que havia médicos entre eles, foi logo explicando ao padre:

- "Sabe quem são eles?"

- "Quem", perguntou o padre.

"São médicos"

"Não, são filhos de Deus".

Outro dia, padre Alderigi estava rezando e chegaram a Condessa Matarazzo, mas o Conde. Ela, achegando-se, apresentou-se: "Sou a Condessa Matarazzo". E o padre nada respondeu e continuou rezando. Alguém apresentou o outro: "Este é o Conde". Continuou o silêncio. Aí eles disseram: "Nós nos confessamos em Poços de Caldas". 

E o padre, sorrindo, disse: "Ah, sim, identificaram-se. São filhos de Deus".

 

 

 

Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 1, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M. Relatos de dona Zélia Martins e do senhor Zito.


#CURA: padre Alderigi cura os olhos de um ancião

O relato de hoje foi contato pelo jovem Áureo Cássio de Carvalho, com o auxílio de sua mãe, a senhora Maria Lúcia de Carvalho, em maio de 1987. Faz parte dos arquivos do processo de canonização do padre Alderigi Torriani. 

"Padre Alderigi entrava em todas as casas onde havia problemas, dor ou tristeza e acolhia a todos, com palavra, bênção e amor. Sua passagem era como uma chuva, trazendo paz, alegria, confiança e muita esperança.

Lá por 1944, mais ou menos, ele foi visitar o senhor Joaquim Júlio de Melo, no bairro do Prata, zona rural. O senhor Joaquim era o pai de dona Maria Alexandrina de Jesus, mais conhecida como dona Cota. Todos os meses ia o bom padre levar-lhe a Comunhão Eucarística, uma vez que o ancião andava sempre adoentado.

Este lavrador, apesar da idade, gostava muito de boas leituras, inclusive o jornal "O Santuário". Mas lia com óculos e sentia muitas dores na vista. Certa vez, numa das visitas mensais do padre Alderigi, o pai de dona Cota lhe contou que quase não podia ler mais. Muita dor na vista. Tanta dor que até acreditava numa cegueira em breve. Como queria uma bênção do padre para ter seus 'olhos' novamente! Seria possível?

'Joaquim Júlio, é o Santíssimo Sacramento que vai te curar', falou o piedoso homem de Deus.

Padre Alderigi encostou sua testa junto da testa do doente, orou com fé. O enfermo também. E, tomado de espanto e alegria, o senhor Joaquim Júlio acabou por receber a graça tão longamente desejada. Daquele dia em diante ele se esqueceu da dor nos olhos, abandonou os óculos e fez bem suas leituras até os últimos dias de sua vida, em 1947".

 

 

 

Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 4, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.