Saiba como foi o início da vida sacerdotal do Servo de Deus

O pequeno Alderigi sempre recorria à sua madrasta, dona Lavínia, quando fazia suas artes. Mas dona Lavínia também o socorreu no seu desejo para ir para o seminário. Segundo a irmã de Alderigi, Beata Antônia Torriani Amaral (Beata é seu nome, e não um reconhecimento eclesial), certo dia, após apanhar do pai, ele foi conversar com a madrasta e falou do seu desejo de ser padre.

“‘Quero ir para o seminário e por isto o papai me bateu. Mas não tem importância. Eu vou vencer, porque eu quero ser de Nosso Senhor’. A Lavínia o consolou, mas o menino saiu com esta: ‘mamãe’ – ele chamava a madrasta de mamãe – ‘arranja minha roupa, vou fugir’. Ela respondeu: ‘Não precisa fugir. Eu vou falar com seu pai’. Depois que Lavínia falou com o pai, ele veio e perguntou: ‘você quer mesmo ir para o seminário?’ O menino respondeu: ‘Quero. Quero ser de Nosso Senhor’. Logo a seguir o pai o levou para Pouso Alegre, internando-o no seminário. Era 1908”, lembra dona Beata.

Iniciam-se seus primeiros estudos de seminarista. Sempre vivo, o garoto Alderigi continuava levado. Nem mesmo os padres mais experientes acreditavam na vocação do jovem. Padre Rigotti, por exemplo, dizia: “Alderigi padre?! Só se a rã criar pelo”.

Após os estudos normais no seminário, Alderigi é ordenado padre no dia 18 de setembro de 1920 em Pouso Alegre. Já na celebração de ordenação pronunciava-se a santidade de Alderigi, que jurava obediência ao senhor bispo. Celebrou a primeira missa em Jacutinga, um dia depois. Dona Marina Caridade Oliveira participou da primeira missa do padre Alderigi e também conviveu com ele em Brazópolis, quando lá esteve substituindo o padre Herculano. Assim relata , em 1998

“Como ele era santo, como ele gostava de cantar e era totalmente cativante! Quando falava, ele demonstrava uma vontade enorme de querer salvar todo mundo, se comportando mais do que um padre, vivendo mais do que um missionário, andando por todas as bibocas de sua quase paróquia, atrás de ovelha tresmalhada”.

Depois da ordenação permaneceu algum tempo em Pouso Alegre, onde foi professor de matemática e diretor do Ginásio Diocesano São José. Sabe-se, hoje, que muitos escritores e políticos foram alunos do padre Alderigi. Tempos depois teria de ir para uma paróquia.

Em 1926, padre Alderigi adoece gravemente, possivelmente tuberculose. O bispo na época, dom Octávio Chagas de Miranda, o transfere para Santa Rita de Caldas. Lá ele chega em 27 de março de 1927, aos 32 anos de idade.

“Padre Alderigi estava tão doente, que o senhor bispo assim disse: ‘dou uma paróquia para o padre Alderigi, para ele ali morrer’. Aqui chegou padre Alderigi magro e fraco, praticamente condenado à morte, uma vez que não havia naquela época, qualquer remédio para o seu mal”, relatou sua amiga Edmea Maia.

Mas não era esse o fim que Deus queria para o jovem padre. A nova terra lhe trouxe vida e saúde.

“O médico havia lhe receitado muito repouso, vida calma e tranquila. Sim, senhor. O jovem sacerdote fez muito repouso sim. Mas o fez no lombo do cavalo, de burros, atendendo a tudo e a todos, com a maior solicitude e humildade. Às vezes, na sua ida em atendimento aos paroquianos, era gozado ver o padre em animais fogosos ou, às vezes, em animais que ele quase tocava os pés no chão, devido à sua estatura”, lembra Edmea.

Datas importantes da vida eclesial do padre Alderigi

18/09/1920: ordenação sacerdotal

20/09/1920: prefeito geral do Ginásio Diocesano São José

1922: vice-reitor do seminário

23/01/1923: vigário geral da Catedral

21/11/1924: diretor do Ginásio Diocesano São José

dezembro de 1926: deixa o Ginásio Diocesano por causa de sua enfermidade

02/03/1927: pároco de Santa Rita de Caldas

03/01/1932: encarregado da paróquia de Camanducaia

12/08/1933: pároco de Santa Rita de Caldas

31/05/1945: cônego honorário

18/09/1958: camareiro secreto de Pio XII

20/01/1959: prelado doméstico