“A religião nossa é uma coisa séria”, escreve padre Alderigi durante viagem à Roma

Em maio de 1971, Padre Alderigi Torriani teve a oportunidade de viajar até Roma, seu grande sonho. Durante a viagem, padre Alderigi escreveu sobre sua experiência e seus sentimentos ao visitar a cidade eterna. O texto demonstra a sensibilidade, a gratidão, a caridade, a humildade, o reconhecimento de sua religião como uma religião de heróis. O próprio Servo de Deus vai dizer de sua emoção ao se deparar com a urna de Santa Rita de Cássia e com o túmulo de S. Pio X.

“Roma, 6 de maio de 1971

Antes de tudo quero prestar o meu agradecimento a Nosso Senhor que continua a confiar o que eu disse muitas vezes: “Eu sou o Padre que Jesus quer mais bem!” Sim, porque pelo pouco que faço, Nosso Senhor me recompensa tanto! Exemplo: Esta viagem à Itália. Eu nunca teria coragem de gastar dinheiro em viagens, porque achava que o dinheiro que se gasta em viagens, poderia ser aproveitado em benefício dos outros e não só em proveito da gente. Mas Nosso Senhor me arranjou esta viagem!

Viagem muito boa, bonita, passei bem é certo, mas como me propus antes de começar, que a viagem haveria de dar algum proveito espiritual, e deu mesmo!!!… Agora mudei de pensar: É um dinheiro bem gasto em uma viagem em que se pensa realmente a sério.
A memória da gente facilmente esquece tudo, por isso resolvi escrever para ler, relembrar o que pensei nesta viagem.

Como somos felizes de pertencermos à nossa Santa Religião, porque, a nossa religião é uma coisa séria, nossa religião é de heróis, nossa religião é dirigida pelo Espirito Santo, por isso, enche o coração da gente, comove, dá vontade de ser bom.

A religião nossa é uma coisa séria! Eu vim do Brasil e fui direto para Palermo. Por uma carta que recebi o Pe. Provincial dos Franciscanos da Cicília, pensava que era só apresentar a carta do Sr. Arcebispo e providenciar o embarque. Como dão valor às relíquias! Precisaria um processo da Santa Sé – virem 3 médicos de Roma, abrir a urna na presença do Sr. Arcebispo, quinze dias depois os médicos deveriam voltar para verem o efeito das injeções que teriam feito, para assim saber se o corpo poderá ser transportado, mais reconhecimento para transferir para uma urna menor etc., de modo que isto levaria um ano, mais ou menos. Os Padres que são muito bons, para não voltarmos sem nada, nos deram uma relíquia preciosa: O hábito que S. Benedito foi enterrado. Está numa caixa. Licença para cá, licença para lá, uma outra caixa. Este movimento começou sexta e só 2.ª às 2 horas que ficou pronta!

Como tomam a sério, as coisas da religião! Religião de heróis! Visitei diversas Igrejas. Num país pobre como a Itália, num tempo em que tudo era difícil, agora tempo do cimento, da eletricidade, muitos e muitos aparelhos, fazer uma igreja como a Basílica de S. Pedro e muitas outras, eu conclui, que o povo imbuído da nossa religião, fez o que fez – só mesmo heróis de muita fé, para prestar a Deus uma homenagem elevada acima do possível.

Quantas obras majestosas, de arte, bonitas que olhando elevam a alma da gente à Deus. Visitei as catacumbas. Meu Deus! Hoje que temos tão bonitas igrejas, cômodas, algumas até com bancos estofados, ainda há quem tenha dificuldade em cumprir a religião! Como eram heróis, os cristãos no tempo das perseguições. E como conta a historia, ficaram às vezes, a noite inteira em oração. Será que a gente ainda irá achar que trabalha muito e não ficará vermelho de vergonha, lembrando dos padres das catacumbas.

Audiência do S. Padre. Que majestade, unida a uma simplicidade humilde e um zelo apostólico. Éramos 12.000 na Basílica de S. Pedro – a Basílica – esta multidão – o S. Padre aparece na sedia gestatória – Delírio! … O S. Padre dirige-se a diversos grupos – casais novos – crianças que fizeram a 1.ª comunhão – grupos daqui – dali, a cada grupo dizia umas palavras abençoava. Quando dizia o nome do grupo, estrugiam palmas e o S. Padre se dirigia naquela direção. E depois: “É necessário aproveitar esta ocasião para alguma consideração espiritual e falou sobre a liberdade do cristão, dizendo que o obstáculo à liberdade é o pecado!” Tinha gente de toda a parte do mundo. Por mais insensível, tem o entusiasmo contagiante.

Fui visitar a Basílica Santuário de S. Rita em Cássia! Entrei e chorei em voz alta! Chorei mesmo, o porque não sei. Entrar na Igreja de S. Rita, não sei explicar naturalmente. É a graça de Deus, que entra no coração da gente e comove. Estive em frente à urna de S. Rita – tive que esperar uma Missa de 1.ª comunhão e depois a minha e o resto digo o Pe. Superior me avisou para ir depressa ao Mosteiro, onde um Pe. explicava a vida de S. Rita. A videira – as abelhas – o crucifixo do espinho, o quarto de S. Rita e o resto do tempo passei sentado em frente a urna de S. Rita, onde rezei para todos.

Missa no Altar de S. Pio X. Grande graça poder celebrar a S. Missa, sob o corpo de S. Pio X – Embaixo do Altar, o corpo de S. Pio X, visível, bonito. O papa da Eucaristia – o Papa que eu entrei no seminário! Como é poderosa a virtude. Só a virtude da humildade elevou S. Pio X ao altar!

Agora estamos voltando para o Brasil – estamos voando e hei de voar o resto da vida para refazer o atraso, pois, se eu achei que é de gente séria eu preciso tomar a sério, a minha vocação e não só tomar a sério, mas até o heroísmo e isto não será difícil se eu, não confiar em mim, mas no Divino Espírito Santo que rege e governa a Santa Igreja. Maria Santíssima, nossa Mãe, pedi a Jesus vosso Filho e Nosso Irmão para me ajudar e fortalecer nesta resolução.

Não quero trair a vocação que Deus, teve a misericórdia de me dar. Nossa Mãe, S. Rita, S. José e todos os Santos meus protetores,rogai por mim.

– Estamos voando para chegar ao Rio. Estamos perto. Reli de novo. É preciso retocar.”

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