Padre Alderigi: homem do riso e das lágrimas, muito humano

Padre Alderigi, em visita à Cássia (IT)

Padre Alderigi, às vezes, é lembrado pelo seu jeito firme e bravo. Mas há ali também uma pessoa muito feliz e alegre, cheia de sentimentos. O sobrinho do Servo de Deus, dr. José Asdrúbal, tem boas histórias e momentos felizes.

“Como meu tio, aquele que mais amava, Padre Alderigi era alegre e, ao mesmo tempo, totalmente sentimental, a chorar com muita facilidade”, lembra.

Em 1971, Padre Alderigi e seu sobrinho foram à Itália, com passagem paga pelos amigos. Ao sentarem-se nas poltronas do avião, o bom ancião riu, dizendo: “Ô moça, o cinto não serve. Não dá para fechá-lo. O padre é muito gordo!”. E ria….ria…. Alguém até brincou com ele: “Não tem problemas, o padre é pesado e não vai cair”.

Então, ele riu mais ainda até que a aeromoça veio lhe socorrer e disse: “Não se preocupe, a companhia aérea vai emendar dois cintos para o senhor”. Tudo amarrado, ele rindo novamente, comentava: “Veja como sou importante! Todos precisam de um cinto. Só eu que preciso de dois”. 

Ao chegarem em Roma, desceu do avião e não andava. Só olhava para o céu e dizia: “Zezinho, estamos em Roma! Estamos em Roma! E as lágrimas desciam e molhavam a batina preta. Daí há pouco estava morrendo de rir. Viu três meninos e chamou-os para pedir informação. Mas, sem querer, andou misturando os dois idiomas: “Ragazzi, veni qui! Per favore”. E os meninos lhe perguntaram: “Prego, Monsegnore”. Mas o “português” saiu sem querer: Onde poderei tomar o avião para Palermo?”. Aí ninguém mais o entendeu e padre Alderigi só ria.

Em Palermo, Padre Alderigi queria ver o mar. Seu sobrinho o levou à praia e lá, firmando uma mão na bengala e outra na cintura, dizia: “Veja o poder de Deus! Que beleza! Se eu não fosse padre seria marinheiro”. 

Esse amor ao mar nos lembra quando o senhor Vicente Torriani, pai do Padre Alderigi, voltava da Argentina, onde fora encontrar

Padre Alderigi, com seu sorriso maroto.

sua namorada, Argia, que conhecera na Itália, quando era adolescente. Voltaram recém-casados para o Brasil, em navio, viajando em terceira classe. Mas o comandante estranhava que, sempre que todos eram chamados para isso ou para aquilo, os dois não atendiam, permanecendo sonhando juntos e conversando continuamente. O comandante quis saber o porquê e soube que os dois eram realmente “casadinhos” de novo. Imediatamente, os dois receberam camarim nupcial, na primeira classe, para muita alegria de todos.

No entanto, Padre Alderigi chorou mesmo foi em Roma, no Quo Vadis, onde Jesus se encontrou com Pedro. No piso de mármore, cercado com correntes, pode-se ver o sinal de dois pés impressos na pedra que, segundo a tradição, seriam os pés de Jesus. O sobrinho se ajoelhou para beijar as santas pegadas. O tio, porém, com o problema de joelhos, não podia se ajoelhar e pediu-lhe que tocasse a pedra com seu lenço. Chorando, ele beijava o lenço, tocava-o no rosto e apertava-o contra o coração. Como esse homem de Deus, embora tão Santo, era humano, tremendamente equilibrado.

Este homem brincalhão, que não perdeu a inocência infantil, era amante do tio Patinhas. Chegava a telefonar para o sobrinho de Poços de Caldas, dizendo: Estou cansado de estudar Teologia. Não tem ai alguma revista nova?ï. E ao lê-las, ria às gargalhadas e as guardava para mostrar aos sobrinhos.