O dia que o Padre Alderigi reclamou do barulho dentro da igreja
O Servo de Deus Alderigi Torriani sempre foi conhecido pela sua bondade, compaixão pelos doentes e zelo pela Casa de Deus. E ele fazia questão de ajudar as pessoas a entenderem que a igreja era o lugar de oração e silêncio. Mas um dia ele perdeu a paciência.
Ele estava se arrumando para a missa, na sacristia, e os participantes passaram a conversar muito, fazendo muito barulho. Ouvindo isso, o padre saiu correndo, foi ao meio do altar e deu aquele grito forte:
- Aqui não é mercado nem lugar de vender fazenda!
Aconteceu aquele silêncio e todo mundo ficou espantado.
Depois, durante o sermão, foi aquela lição. Começou a falar dizendo:
- Deus também educa seu povo.
No final, porém, todos estavam contentes.
Em suas pregações tinha o prazer e hábito de tratar os fiéis de "meus amados irmãos". Essa era a expressão mais frequente que saia de sua boca.
Outro pensamento que ele costumava repetir era:
- Cuidado, meu amados irmãos. Vigiem, porque o demônio está solto e os espíritos imundo estão procurando moradas.
Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 1, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M. Crônica do senhor Paulo Pires da Costa, em 27 de junho de 1987.
Parturiente à beira da morte é salva pela oração do padre Alderigi
O relato de graça de hoje conta a história de uma mulher que, ao dar a luz, quase perdeu a vida. Atendida sacramentalmente pelo padre Alderigi, se recuperou e pôde cuidar dos seus filhos. Georgina Carvalho de Melo entregou seu testemunho por escrito no dia 24 de junho de 1989.
"Acabara eu de dar à luz ao sexto filho, na santa casa de Caldas. Tendo perdido muito sangue, fiquei várias vezes totalmente em sem sentido. Embora assim enfraquecida, conseguia ouvir muito mal a conversa da enfermeira dizendo à irmã Virgínia: 'a pressão dela está quase zero e os recursos estão esgotados'. Até aquele momento, oito doados de sangue já tinham me socorrido e agora já se apelava para doadores de outras cidades.
Percebendo os familiares não ter eu mais condições de sobreviver, meu marido, Manuel Pio, perguntou-me de quem eu gostaria de receber a Unção dos Enfermos. Com muita dificuldade para falar, balbuciei: 'padre Alderigi'.
Meu marido arrumou logo um amigo, o Juvenal Augusto Teixeira, marido da dona Fia (Ana Augusto de Carvalho Teixeira, a parteira que me assistiu), o qual correu a Santa Rita de Caldas para buscar o nosso santo vigário. Ao chegar no Santuário, percebeu o emissário que o Padre Alderigi estava prestes para se dirigir ao altar e celebrar a missa do dia 22, pois para ele, todos os dias 22 eram comemorados com muita festividade.
O homem de Deus ouviu tudo e pediu que esperasse. Apressadamente, dirigiu-se ao altar, implorando a todos os fiéis presentes que rezassem por mim, que estava agonizando.
Dessa vez, ele celebrou uma missa muito rápida e foi logo saindo para se dirigir a Caldas. Chegando à Santa Casa, já encontrou a vela e o crucifixo junto ao meu leito. Sentidos, eu já não os tinha mais. Soube depois que ele, piedosamente, não só ministrou o sacramento da Unção, mas até permaneceu debruçado sobre meu leito, em oração. Durante toda a noite, mesmo no estado em que eu me encontrava, eu percebia seu vulto junto à minha cama. Na realidade, padre Alderigi permaneceu ao meu lado, orando por três horas. Ao sair do quarto, ele declarou às enfermeiras e aos familiares que eu estava salva.
Contou-me dona Fia que, devido ao meu estado, ela achou conveniente passar a noite toda junto a mim. Mas, de madrugada, depois de ter eu conseguido passar por um cochilo, resolvi ficar sentada na cama. Imediatamente, a parteira pediu-me que eu deitasse, pois não poderia permanecer naquela posição. Insistindo eu, em estar bem, acreditou ela ter acontecido um milagre.
No amanhecer do dia 23, eu já estava melhor, enxergando alguma coisa que se passava no quarto. Aos poucos, fui melhorando, dia após dia. Lá permaneci ainda por dez dias, até recuperar as forças. Enquanto isso, a recém-nascida, Rita de Cássia, ficava sendo zelada por mãos de parentes bons e amigos. Este fato maravilhoso ocorreu aos 22 de abril de 1957".
Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 4, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.
#Crônica: Padre Alderigi, homem que inspirava confiança
A crônica de hoje foi narrada pela professora Edith Megale Torriani, no dia 9 de novembro de 1987.
Por volta do ano de 1930, Pedro Torriani foi acompanhar seu irmão, Padre Alderigi, a uma confissão na roça. Isso era comum, cavalgando muitas vezes por muitas horas, por caminhos até mesmo perigosos, devido às péssimas estradas da região super montanhosa, onde o número de montanhas da Serra do Servo ou da Gineta era inumerável. Montanhas salpicadas de rochedos de granito, firmes, de coração duro e pesado, despontando entre capoeiras e pastos de gado, escondendo muitas vezes cascavéis, urutus e corais.
As tempestades no tempo de verão são sinfonia de brutalidade e roncos, de ventos carrascos e trovões que enchem o coração de medo e angústia, prenunciadas pelo cavalgar das loucas nuvens negras, com almas escondendo mortes e traições.
E um delas veio como foi anunciada. O sacristão Pedro, estremecido de angústia, ainda exclamou:
- Nossa Senhora, Alderigi. Olhe os relâmpagos!
Realmente eram chicotadas rápidas e contínuas, como se fossem donos do mundo.
- Mas a gente tem que ter confiança em Deus. Foi a simples resposta do homem santo.
De repente, o urro dos ventos soltos abateu, trazendo aguaceiro, implacável, frio, passando ora mais ora menos densos, em ondas persistentes, sacudindo e torcendo os galhos dos jacarandás e cedros, jatobás, unhas-de-boi e outras tantas árvores aterrorizadas.
Os cavaleiros molhados, derramado goteiras dos chapéus, escorrendo pelas capas, escondidos sob as copas dançante das árvores, acompanhados dos berros de desespero de outros trovões, ameaçando a vingança. E o Pedro, mais apavorado, relembrando algo muito sério:
- Nossa, Alderigi. Árvore atrai raio.
- Confiança, meu irmão. Deus sabia que íamos passar por aqui. Tenha confiança! Deus sabe o que faz. Ele mando isso para ver se temos confiança Nele. Portanto, nada de temor!
Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 3, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.
Padre Alderigi intercede por um padre para Ipuiúna
Monsenhor Alderigi, mesmo sendo pároco de Santa Rita de Caldas, também era o responsável pelo atendimento em Ipuiúna, que ainda não era paróquia. Uma vez por mês o "bom vigário" se dirigia à cidade vizinha, atendendo também as capelas rurais, sendo que algumas ficavam a 60km e 100 km de distância.
"Ia a cavalo através das estradas, por onde seguiam boiadas e cavaleiros. Por estes caminhos ele andava, levado por cavalo ou burro, com chuva ou sem ela. Essa capelas foram construídas. com mil sacrifícios, com os poucos recursos de simples e alegres festinhas populares", afirmou Paulo Pires da Costa em 1987.
Mas o Ipiúna tinha um filho padre, monsenhor José Roberto, que um dia pergunto a Dom Oscar de Oliveira o porquê de cidade natal ainda não ter um "vigário" fixo. A cidade tinha crescido e sobrava muito serviço para idoso e já doente padre Alderigi. Mas o bispo, com medo de magoá-lo, não mandava ninguém para lá.
Monsenhor José Roberto então disse:
- Magoar do Padre Alderigi? Não terá problema algum com o nosso bom e santo vigário de Santa Rita de Caldas. Ele até vai ficar contente. Se ele disse "mande um novo vigário para Ipuiúna", o senhor mandará?
Respondeu o bispo:
- Mando!
Monsenhor José Roberto foi logo a Santa Rita de Caldas e conversou com seu amigo. Explicou-lhe toda a conversa tida com o senhor bispo e foi franco:
- Na menTe de dom Oscar, Ipuiúna não tem padre unicamente por respeito à sua pessoa.
Imediatamente surgiu em seus lábios a resposta, conhecida de antemão pelo padre amigo e admirado:
- Que é isso?! De maneira alguma vai me ofender ou me magoar a chegada de um novo padre. Vamos logo a dom Oscar.
Na mesma hora tomaram um Jeep e dirigiram-se a Pouso Alegre, sede da diocese. Logo em se encontrando com o senhor bispo, Padre Alderigi foi pedindo:
- Excelência, Ipuiúna não tem padre fixo. Sua Excelência não poderia mandar um?
- Depende do senhor. Estava com receio de o ferir, de o magoar.
- Que é isto Excelência, de modo nenhum. É com alegria que recebemos mais um sacerdote.
- Então está certo, para lá vai o nosso padre Otávio.
E Ipuiúna passou a ser paróquia graças à bondade do "santo" de Santa Rita de Caldas.
Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 1,do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.
#Crônica: Padre Alderigi era um homem que falava do céu a todo tempo
O céu era a palavra forte e vibrante na vida e na mensagem do Padre Alderigi. Sua preocupação era que toda a sua paróquia pudesse se encontrar com ele, junto de Deus.
Como acreditava na bondade e misericórdia do bom Pai, também acreditava em sua salvação, fazendo desta fé tão natural que esse assunto espontaneamente sempre voltava em suas conversas e piadas.
Um dia, minhas irmãs, Judith e Catarina, que se consagraram a serviço de Deus e do próximo, através da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora Senhora, chegaram de férias em Santa Rita de Caldas. Quando foram pressurosamente se apresentar ao Padre Alderigi, ele lhes disse:
- "Preciso muito conversar com vocês. Mas, agora é difícil pois há muita gente esperando por mim, neste momento. Mas, quando eu tiver mais tempo, mandarei chamá-las."
Mas, por falta de oportunidade, o tempo voou e ele não as pôde chamar. Na hora da despedida, porém, ele desabafou:
- "Que pena! vieram à nossa cidade e não tivemos tempo para conversarmos. Como é difícil tirar férias aqui na terra!
Aí ele manifestou sua gostosa esperança no futuro, vivida em cada momento:
- "Mas, no céu, teremos todo o tempo para conversarmos.
E o tempo foi passando, passando, e o mundo evoluiu e Armstrong com Alderin, em 19 de novembro de 1969, chegaram à lua. Nos dias seguintes a este evento, Padre Alderigi esteve em casa de minha irmã, a Luzia, visitando minha mãe, em sua última e longa enfermidade. O assunto do momento e de todos foi essa aventura de técnica e ciência modernas.
Em seu otimismo, ele comentou com mamãe:
- "Nós nascemos cedo demais. Como os homens de amanhã vão descobrir coisas que nós nem sequer sonhamos! O mundo vai ver muitas novidades".
Então, ele deu aquela risada tão típica, fabricada lá no fundo, sacudindo toda a sua barriga, e acrescentou:
- "Mas, do céu, nós vamos ver todas essas coisas".
Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 1,do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.
Hábitos e costumes do Padre Alderigi Torriani
O Frei Felipe Gabriel Alves, além de conviver com o padre Alderigi Torriani, teve a oportunidade de ouvir e recolher relatos de muitas pessoas que conviveram de perto com o Servo de Deus. Um destes relatos vem do senhor João Sabino Neto, que entre os anos de 1939 e 1945 serviu o Padre Alderigi como auxiliar de sacristão e de escriturário dos livros paroquiais.
João Sabino enumerou a rotina e os costumes do eterno padre de Santa Rita de Caldas, que segue:
1) Todas as manhãs, na velha casa paroquial, ninguém conseguia dormir por causa do barulhento italiano, senhor Vicente Torriani, o pai do bom vigário. Padre Alderigi também se levantava cedo. Às seis horas, já estava na igreja matriz, onde começava suas atividades sagradas;
2) O almoço era servido às 10h e o jantar às 16h. Às 18: reza, bênção do Santíssimo Sacramento, às vezes acompanhada de sermão. No caminho para a casa paroquial, ele muitas vezes chegava à casa de sua irmã e de seu amigo João Batista Filho;
3) Chegando em casa, lia a Bíblia, a Suma Teológica de São Tomaz de Aquino (em latim) e livros de formação religiosa. Em seguida, rezava as orações do breviário e rezava também terços e mais terços, marcando o número deles com lápis, caneta ou com ponta d palito de fósforo queimado, num papel à parte. Esses trabalhos tomavam grande parte de seu tempo. O cansaço e o sono eram tantos, que ele fava assim: "João, vou dormir cinco minutos. Favor me acordar!" Conclui como dormia pouco aquele servo de Deus;
4) A sua alimentação costumeira era macarronada, feita em casa pela empregada Cecília. Gostava de comida gordurosa;
5) Como os italianos, bebia bom vinho, com muita moderação e não gostava daqueles que bebiam fora da medida;
6) Todos os dias 22 de cada mês era festa na paróquia e com muita ocorrências de devotos de Santa Rita, principalmente para receber sua bênção especial. Ele recebia a todos com santa alegria;
7) Todos os dias 22 de maio era grandes manifestações religiosas do povo, com celebrações de missa e bênção especial para os visitantes etc.;
8) O povo do lugar tinha também sua reserva especial nas funções do ai;
9) Padre Alderigi Maria Torriani era um grande extensionistas rural (extensionistas é a pessoa que leva os resultados das pesquisas agrícolas ou pecuárias ao homem do campo, como adoção de práticas novas);
10) Foi também maior ecologista de Santa Rita de Caldas. Conseguiu com o povo da roça a adaptação da árvore bracatinga, de crescimento rápido, que serve para lenha. É a solução para o povo, devido à falta de combustível. Daí, notamos que ele não só gostava de promoção espiritual dos fiéis, mas também da promoção humana;
11) Padre Alderigi tinha muitos afilhados e todo o mundo gostava do compadre "padre";
12) Na sua homilia dominical, procurava às vezes acertar o seu relógio com algum compadre, uma vez que naqueles tempos poucas pessoas possuíam este instrumento;
Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 1,do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.
A difícil jornada do padre Alderigi para visitar seus doentes na zona rural

Padre Alderigi Torriani chegou em Santa Rita de Caldas em março de 1927. Desde então, não faltam relatos da dedicação dele aos trabalhos pastorais e às visitas aos doentes. Isso porque, segundo dados biográficos, aos 32 anos era tão doente que uma paróquia lhe foi dada "para que ali pudesse morrer". Mas não foi esta a vontade de Deus.
A fazenda Bela Vista, no então distrito de Ipuiúna, pertencia ao senhor Gabriel Junqueira Franco, e servia como ponto estratégico para as visitas pastorais. Dali partiam para locais como Tamanduá, Muro de Pedra, Morro do Chapéu, Vela Vista, Barreiro e Itacolomi, onde o único acesso era apenas à cavalo.
"Até a fazenda do senhor Gabriel, era a charrete do Tuani Vilela que levava o piedoso e destemido sacerdote, acompanhado do esperto e sacudido sacristão, o Briguelinho. Daí para frente, somente os passos firmes dos cavalos selados conseguiam fazê-los cumprir seus dever pastoral", relatou Gabriel Junqueira no ano de 1992.
Padre Alderigi geralmente tomava as refeições nas capelas visitadas por ele, enquanto o pouso, sempre que possível, era na fazenda Bela Vista.
Num sábado do ano de 1934, vieram buscar o Padre Alderigi para atender confissão no bairro dos Campos (Serra da Gineta). Era mais ou menos 13h. E a viagem não foi nada fácil.
"Saíram a cavalo e foram tão longe, tão longe, que foi o resto do dia e a noite toda no lombo do animal. Pelas seis da manhã que passou por Santa Rita de Caldas, sem entrar na cidade, pois foi seguindo seu caminho até Ibitiúra, onde ele teria que celebrar sua missa dominical das 10h30", disse o cunhado e professor do Servo de Deus, Sebastião Martins.
Toda essa viagem, da meia-noite em diante, foi em jejum, por causa do jejum eucarístico obedecido pelo clero na época.
"Quando saia para suas viagens a cavalo, sempre levava a capa ideal e seu chapéu preto, de aba larga. E quantas vezes ele chegou na cidade, de volta, tendo fios de gelo pendurados nessas abas, tamanho era o frio, uma vez que nossa região está a mais de mil metros acima do nível do mar", finalizou Sebastião.
O lavrador José Benedito Peçanha também lembra das "artes" realizadas por padre Alderigi para visitar seus doentes. Por várias vezes foi buscar o vigário depois da meia-noite.
"Às vezes ele veio debaixo de chuva e os cavalos com água até o 'sovaco'. Algumas vezes, os cavalos trocavam e uma vez o padre chegou a cair dentro do córrego. Como era homem bom e paciente, cumpridor do dever, quase sempre seguia o caminho rezando", disse.
Mas segundo José Benedito, o pai do padre Alderigi, que na época morava com o filho, não gostava muito destas "aventuras".
"O pai do padre Alderigi tinha um gênio muito brabo. Por isso, numa dessas ocasiões, em 1940 mais ou menos, desejando evitar maiores xingatórios, o humilde sacerdote me segredou: 'filho, deixe os cavalos atrás da igreja, escondidos, para meu pai não perceber que estou saindo para atende o doente em confissão'".
Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 1,do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.
Gabriel Junqueira (relato de 1992), Sebastião Martins (relato de 1986) e José Benedito Peçanha (relato de 1987)
#Crônica: Padre Alderigi e a Eucaristia
A crônica de hoje vem a partir de um relato do senhor José Manuel Israel, o Zito, ex-sacristão e amigo do Padre Alderigi. A entrevista foi concedida no dia 4 de dezembro de 1986. Acompanhe:
O Padre Alderigi foi o mais fiel e o que tinha mais amor à Eucaristia. Por causa dela, tinha um zelo muito grande com as mãos, purificando-as com sabonete várias vezes, e o mesmo pedia aos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão.
Preveniu-me antes de sua morte: "Zito, no meu enterro vai haver muita gente. Você tome cuidado com as âmbulas!". E assim o bom companheiro e confidente do santo Padre Alderigi, o Zito, começou a narrar uma série de pequenos fatos e belas atitudes constantes na vida do bom vigário.
Durante quatro anos celebrou sentado, pois a diabete e as varizes produziram uma ferida na perna que muito doía. Além do mais, tinha erisipela e o menisco arrebentado. Mesmo nestas dores, sua missa era relembrada durante o dia todo, fazendo-o cantar repetidas vezes o ofertório de sua vida: "Senhor, vos ofertamos, em súplice oração..."
Bem no final da sua vida, não conseguia mais celebrar a missa. Então, recebia apenas a comunhão. Quando chegava a hora do "Senhor, eu não sou digno", ele balançava a cabeça, demonstrando exteriormente sua contrição e indignidade anteriores.
Por várias vezes, Zito ouviu o santo velhinho orar: "Senhor, eu sou muito fraco diante de Tua Majestade. Sou muito fraco para tocar nesta maravilha".
Texto contido no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.
#RelatoDeGraça: Padre Alderigi livra da morte jovem em coma
Esse milagre atribuído ao Servo de Deus Alderigi Torriani foi relato no dia 22 de maio de 1989 pela dona de casa Miriam Passoti Ferreira. Ela, como mãe, traz, dia após dia, o processo de recuperação de sua filha que estava em coma após um acidente de moto.
É emocionante ler o relato da Graça alcançada por intermédio do Padre Alderigi:
"Sábado. Tão faceira, na tarde de 6 de maio de 1989, ia Viviane de Cássia Ferreira na garupa de uma moto. Lá no asfalto alguém lhe ensinaria como conduzir essa máquina, tão do gosto da juventude. De repente (o motorista, 'Antônio do Zé', é testemunha ocular), um estouro e uma menina projetada no ar, com tanto impulso, chegando a rodopiar no antes de cair de cabeça no negro asfalto, agora lavado de sangue. Esse desastre, ocorrido às 14h30, era consequência da explosão de um dos pneus da moto.
Conduzida às pressas a Poços de Caldas, de imediato foi levada para a sala de raio-x e o exame acusou três fraturas no lado direito do crânio. Logo depois, o médico, em pessoa, chegou ao corredor e avisou à mãe, dona Miriam: 'Não adianta ter esperança. Quebrou demais a cabeça e a fratura é muito funda'.
A ouvir tal notícia, a louca dor no coração materno cresceu quais ondas enfurecidas a bradar: 'Padre Alderigi, o senhor foi tão santo, tão bom, tão carinhoso. Mostre agora o seu amor e cure a minha filha'.
Segunda-feira
Dona Mirian recebeu um pedacinho da batina do seu antigo vigário. Logo logo ela bateu à porta da UTI e suplicou: 'coloque isso na cabeça da minha filha'. A resposta, pela equipe médica, foi negativa, por causa da hemorragia. A mãe insistiu: 'Coloque, então, em qualquer parte. É uma mãe desesperada que lhe pede'.
Colocaram. E no mesmo instante a menina pôde sussurrar: 'Não mexam comigo! Não estão vendo que estou machucada?'. Assustadas diante deste inesperado, as enfermeiras começaram a gritar e chamara o médico para trás. De repente, tudo quieto na UTI. Daí um pouco, o médico saiu e disse à mãe:
'Põe os joelhos em terra porque você acabou de receber uma graça!'
E daí em diante, aquela que estava em coma de segundo grau começou a falar.
Quinta-feira
Apenas cinco dias após o acidente, a jovem já recebeu alta.
Segunda-feira seguinte
A família retorna a Poços de Caldas para novo exame e novo eletro. Tudo feito, o médico quis falar com a família e, olhando o resultado, ia dizendo: 'O que está acontecendo? Nunca vi um eletro tão bonito como esse. Tudo normal!'
- 'Quanto lhe devemos', perguntou a família ao médico.
- Comigo, tudo certo. Não fui eu nem na UTI quem a curou. Só quero o livro sobre esse Santo Alderigi, pois preciso conhecer a vida dele', disse o médico..
No dia 17 de maio de 1989, outro médico constatou que os dois tímpanos rompidos no desastre estavam completamente reconstituídos".
Texto contido no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.
Padre Vítor Coelho de Almeida e sua admiração pelo Padre Alderigi Torriani

O Padre Alderigi Torriani sempre teve uma boa proximidade com os missionários redentoristas. Ele costumava fazer suas peregrinações à Aparecida, onde era conhecido como o "padre coroinha". A imagem original de Nossa Senhora Aparecida chegou a visitar Santa Rita de Caldas e Jacutinga, sempre por intermédio dele. E na morte do Servo de Deus, os redentoristas não poderiam se fazer ausentes. Inclusive, o padre Vítor Coelho de Almeida, que também está no processo de canonização, se fez presente no dia 4 de outubro de 1977.
Uma frase marcante do agora também Servo de Deus Vítor Coelho ao querido Padre Alderigi: "Eu me sinto tão pequeno diante deste gigante de Deus".
O missionário redentorista padre Elias Pereira da Silva, antigo coroinha de Santa Rita de Caldas, também esteve no velório do Servo de Deus Alderigi Torriani. Padre Elias assim se expressou no dia:
"Assim que soubemos de sua morte, meus amigos e eu rumamos para Santa Rita de Caldas. Padre Albertino, padre Vítor Coelho de Almeida e eu ficamos revezando, conduzindo o povo nas orações. A missa de corpo presente do Padre Alderigi ia ser celebrada dentro da igreja. Até o bispo queria assim. Aí nós, missionários redentoristas, com maior prática em lidar com multidão, reclamamos: 'A missa é para o povo e não para um punhado de gente!'. Alguém se opôs:
- 'E o som?'
Nisto completei:
- 'Eu trouxe microfone corneta', pois ja entrei na cidade prevenido.

O esquife foi, então, transportado para a rampa, ante o santuário. Por gentil determinação e em demonstração de amor e respeito ao padre, o comandante do deslocamento policial reuniu seus comandados e, em uniforme de gala, determinou guarda especial de honra, para esse tesouro, cercado de milhares de veneradores. A praça da matriz estava repleta. Talvez dez mil pessoas estivessem participando da missa, presidida pelo arcebispo de Pouso Alegre, dom José D`Ângelo Neto e mais de 40 sacerdotes. Aquela missa, celebrada ao ar livre, 'era consagração de um santo', na expressão do próprio arcebispo, que continuou dizendo: 'morreu o padre mais jovem da diocese. Não dos cabelos brancos, mas na obediência. Era o padre que acolhia todas as mudanças da Igreja, após o Concílio'.
Na hora da comunhão, entre os cânticos, padre Vítor Coelho de Almeida, radialista da Rádio Aparecida, ia falando: 'morreu nosso coroinha. Sabem por que?'. E o povo ia descobrir mais um segredo daquele gigante que sabia se abaixar até o nível das crianças de coração puro. E o radialista prosseguiu: 'A basílica de Aparecida se abre às 5h da manhã e ele ajudava da primeira à última missa, quando ia visitar a imagem da Mãe de Deus. Eu me sinto tão pequenino diante deste gigante de Deus'.
Texto contido no livro "Alderigi: Gigante com olhos de criança", do Frei Felipe G. Alves. Editora Vozes, 1994.