#Crônica: Padre Alderigi, o homem que dá tudo aos pobres

No tempo de dom Óscar de Oliveira, em 1956, a casa paroquial teve que passar por uma reforma total. Dona Leda e dona Dalva tomaram parte da limpeza, jogando fora cadeiras, mesas e todos os móveis completamente estragados. A casa foi pintada por dentro e por fora. Essa reforma era necessária, uma vez que tudo o que o padre tinha era velho ou estava caindo aos pedaços ou eram conjunto incompletos, faltando uma ou mais peças. O prefeito, Dr. Nestor Martins, é testemunha que o travesseiro do padre não passava de uma batina velha, dobrada.

Para não ser incomodado, colocaram o bom padre Alderigi na casa do seu irmão, José Torriani. Enquanto isso, as duas fora pela cidade, angariando novas mobílias, novos trens de cozinha, bem como roupas e toalhas. No dia da inauguração da casa reformada, o povo se reuniu em frente à casa do senhor José Torriani para trazer, solenemente, o homem mais amado e querido da cidade. À frente vinha a banda do senhor Benedito Camilo. Logo atrás, sorridente, vinha o bom vigário e, por fim, todo o povo amigo.

Algum tempo depois, chegou o senhor bispo para suas crismas. E durante o discurso, conhecedor do espírito pródigo do vigário mais pobre da diocese, o supremo pastor proclamou, em tom jocoso, do alto do palanque de onde discursava:

– Tomem nota de tudo o que colocaram na casa paroquial, senão ele vai dar tudo para os pobres!

 

Crônica de Frei Felipinho Gabriel Alves, O.F.M.

Contribuição de dona Dalva Lorena, em entrevista no dia 13 de abril de 1987.