Padre Alderigi, homem da simplicidade e da pobreza

padre Alderigi e alguns paroquianos

O padre Alderigi, no começo, era muito energético com seus sobrinhos. Er ao rigorismo da época, exigindo sempre responsabilidade e reclamando deles total exemplo de tudo.

“Como eu morava em Muzambinho (MG), todas as férias, durante os três meses, ficávamos em Santa Rita de Caldas. Toda a tarde havia catecismo e eu sempre o frequentava. Lá, um dia, a catequista foi contar ao tio padre que eu estava bagunçando. Meu Deus! Meu tio veio em cima de mim, com aquela mãozona de gigante, estalou aquele tapa. No mesmo instante, tomado de raiva, revidei mandando-o para o último lugar. Aí ele correu para me pegar e eu corri mais rápido do que ele e ele acabou contando tudo para o meu pai. Realmente ele era terrível para bater em seus sobrinhos. Não que fosse mau. Era o jeito da época que ele, pouco a pouco, teve de superar, até tornar-se o vovô mais querido das crianças”, exemplificou o sobrinho, o senhor Benedito Galvão Martins.

Se era rigoroso na educação dos seus sobrinhos, o era mais ainda consigo mesmo, quanto à pobreza. Lá pelo ano de 1951, os paroquianos, sensibilizados com as caminhadas sem fim pelas coças e capelas, resolveram fazer-lhe uma surpresa: ajuntaram verbas, compraram um Jeep verde e lhe ofereceram no dia de seu aniversário. O padre, em vez de ficar contente, deu aquela bronca solene:

– Jesus andava a pé, fazendo longas caminhadas e eu já ando a cavalo! Não posso aceitar esse carro!

– Agora o jeep já está comprado. Que vamos fazer com ele?

– Vende-se e com o dinheiro vamos reformar a igreja matriz!

E a igreja se transformou, recebendo nova pintura e surgiram os belos quadros da vida de Santa Rita de Cássia.

Mais tarde, a família resolveu dar-lhe dinheiro, com a finalidade dele comprar uma nova batina, pois a que usava estava uma vergonha, mostrando seus remendos e sua cor desbotada para qualquer um. Entregaram dinheiro para a batina nova e ele sempre com a velha. Perguntando-lhe sobre o motivo do atraso, sempre vinha com evasivas, até que um dia o apertaram e reclamaram explicação mais clara. Aí ele não teve saída e confessou, meio sem graça, meio zangado:

– Eu não preciso duma outra batina. Eu não estou pelado.

– E o dinheiro que lhe demos? Que fez com ele?

– É, esse eu tive que dar para uma pobre velha.

 

História do livro: padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre (2º volume), de Frei Felipe Gabriel Alves – O.F.M.