#Crônica: O enterro do Servo de Deus
O senhor João Lorena era professor, líder paroquial e amigo do padre Alderigi Torriani. Ele escreveu essa bonita crônica sobre o enterro do Servo de Deus, no dia 4 de outubro de 1977.
Antecedendo o sepuéalmento do padre Alderigi, por decisão do arcebispo, missa concelebrará. O corpo é transladado para a rampa fronteiriça da Igreja. Por gentil determinação e em demonstração de amor e respeito ao padre, o comandante do destacamento policial reúne seus comandados e, em uniforme de gala, determina guarda especial de honra ao corpo exposto no tempo.
A praça da matriz está repleta. O sol declina. Todos choram. São lágrimas de dor, de sentimento, de gratidão, de amor, de veneração. O constrangimento é geral. O senhor arcebispo fala. Sua voz é entrecortada pela tristeza e dor. Terminada a cerimônia em frente à matriz, seu corpo é levado para sua última morada. Todos querem carregá-lo. A. multidão se aglomera e o caminho até o cemitério está repleto de amigos.
As sirenes da ambulância são acionadas até sua potência máxima. É um verdadeiro choro de crianças, vendo o pai partindo. No campo santo, todos se acotovelavam. São as últimas homenagens. São as últimas preces. Junto à capela, uma voz se faz ouvir. É o doutor Dalmo Ribeiro da Silva que fala em nome da população de Ouro Fino. O silêncio é geral. Sente-se o choro abafado de todos. De um carneiro, mais atrás, outra voz se levanta. É o professor Lorena falando em nome dos santarritenses. O sol está bem baixo. Reina o silêncio. O senhor arcebispo, os padres, todos os familiares aguardam. Encarregados trabalham. Não é preciso água. As lágrimas são tantas para isso justificar.
Pouco a pouco a urna se cobre. Todos lá estão, sem arredar um passo. Tudo acabado. O sol declina. Vem a noite. No céu, as primeiras estrelas. Na casa do Pai, os Coros Anjos, Arcanjos, Querubins e Serafins, Tronos e Potestades, a Virgem Maria, Santa Rita, todos os santos da Milícia Celeste cantam hinos de louvor à Trindade, pela entrada, no reino que não terá fim, dessa alma que deixou a todos um exemplo de religiosidade, humildade, amizade, sinceridade.
Acabara o Padre Alderigi? Não. Dentro da perspectiva da vida, foi o seu corpo, a matéria, que não pode mais suportar a vida. Suas carnes já não conseguiam manter presa ao corpo, aquela alma que aspirava à eternidade. Padre Alderigi simplesmente nos antecedeu. Partiu antes de nós, depois de ter vivido a vida que Deus lhe dera. Antecipou-nos sim, e lá está ele, vivo a olhar e a interceder por todos nós.