A admiração dos familiares pelo padre Alderigi Torriani

Dentre os diversos relatos que se tem arquivados, muitos vêm dos familiares do próprio Servo de Deus Alderigi Torriani. O relato de hoje foi feito pela sobrinha, Maria Lavínia Inez Torriani Ferri, em novembro de 1987. Ela é filha de Pedro Torriani, irmão do Padre Alderigi.

“Eu tinha loucura pelo tio padre. Sabia, desde pequena, que ele era um homem de Deus e que seria um futuro santo da Igreja. Perto dele, a gente se sentia protegida. Colocava-o acima de tudo, menos acima de Deus.

Quando meu pai, Pedro Torriani, irmão do tio padre, me levava para Santa Rita de Caldas, a gente ia chegando, sempre subindo por serras sem fim, até chegar à terceira cidade mais alta do Brasil. De lá se descortinava um paraíso de montanhas azuis, altas e belas. A serra da Gineta, bem em frente, com seus três picos orgulhosos, o mais alto com 1518m. Mais em cima e mais atrás, a serra da Pedra Branca, chegando até 1764m. Tudo criava um mundo encantado de céu e pureza.

A primeira coisa que papai fazia era levar-nos à Igreja, para recebermos a bênção dada por esse grande tio, o querido Padre Alderigi. A bênção era dada perto do altar de Santa Rita, a santa de sua devoção.

Era santo e era enérgico. Impunha muito respeito. Perto dele, tínhamos de orar juntos, às refeições e antes de dormir. Bem que nosso pai sempre nos previnir: ‘o Alderigi é um santo. Têm que obedecer tudo o que ele falar!’ Todavia, depois de tomarmos a bênção dele, a gente se sentia como se fosse outra pessoa. A gente se sentia alegre. Sabíamos ser ele um santo. Sempre que tínhamos alguma graça a alcançar, íamos a ele, pedindo oração, e alcançávamos de tudo.

Cada vez que ele ia comer conosco, benzia o pão com o sinal da cruz. Depois o partia com as grandes mãos e os distribuia entre nós.

Eu, criança, volta e meia lhe perguntava de quem ele gostava mais, se de mim ou se de meu irmão Zé Luis. Mas ele não declarava sua preferência, embora eu sempre quisesse escutar: ‘Claro que é de você’. Ele, porém, rindo e brincando, sempre respondia: ‘Tudo é uma coisa só’.

Mas, meu casamento foi lindo. Ele foi até Abatiá(PR), onde eu morava. Era 1951. Foi e fez muita gente chorar de emoções: “Casados, têm que amar um ao outro. Como Deus nos ensinou. Sigam fielmente a Lei de Deus. Um vai amar o outro na alegria e na dor! Um não pense em trair o outro em qualquer ponto de vista. Só Deus poderá separar…etc’.

Com mil problemas, mais tarde, procurei-o em Santa Rita de Caldas, pedindo-lhe socorro. E o conselho sábio logo se fazia ouvir:

‘É preciso aguentar, como Santa Rita aguentou e venceu’

A seguir, contava a vida de sua padroeira. Depois arrematava, prudentemente: ‘Nunca esconda nada ao marido’.

Era afetuoso. Abraçava a gente e depois dava a bênção. E se percebesse algo em nossos olhos, vinha sempre com a admoestação: ‘Você já está com a alma limpa? Você já se confessou?’

 

 

 

Textos contidos no livro “Padre Alderigi – o carinho de Deus num coração pobre e alegre”, volume 3, do frei Felipe Gabriel Alves, O.F.M.